O poder do hábito – Por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios, de Charles Duhigg (Editora Objetiva), é um daqueles livros que faz cair várias crenças e descortinar uma nova perspectiva para as suas escolhas. Muito popular em todo o mundo, o livro explica, com base em diversas teorias, inclusive da neurociência, sobre como surgem os hábitos em nossas vidas, qual o poder que eles têm nas nossas decisões e como efetivar a mudança consciente de hábito.
O livro é bastante abrangente ainda quando se refere ao mundo dos negócios e ao comportamento do consumidor, quando as empresas manipulam os hábitos sem que nem percebamos – o autor até utiliza exemplo de grandes corporações para ilustrar as suas teorias. Repleto de grandes lições e ensinamentos, o livro possui ainda um guia de ideias, que ajuda o leitor a colocar estes aprendizados na prática, em seu cotidiano.
Separamos 10 lições que podem ser aprendidas com a leitura de O poder do hábito. Confira!
Tudo o que você faz repetidamente e em um padrão específico na sua vida se torna um hábito. Para o cérebro, é mais fácil compreender padrão já existentes do que criar comportamentos e mecanismos novos. Assim, os hábitos surgem porque o cérebro está o tempo todo procurando maneiras de poupar esforço. Afinal, seria um esforço muito grande criar novos hábitos todos os dias para tudo aquilo que você faz, além de ser inviável e conflitante. Desta forma, uma vez que você adquire um hábito, ele não desaparece (mas pode ser mudado.
A todo momento você faz escolhas. A rotina faz com que utilizamos estas escolhas e atitudes em outras situações, mesmo que não tenhamos consciência disso necessariamente. O loop do hábito está, conforme o autor, em uma “deixa” – um estímulo para o cérebro identificar escolhas similares anteriormente executadas e que podem ser válidas na nova situação – a “rotina” – é quando esta ação se torna frequente no seu cotidiano, e desta forma, não sentimos mais frustrados com escolhas desconhecidas – e “recompensa” – um estímulo que contribui para o cérebro memorizar determinada ação para um loop futuro. Veja que os hábitos têm uma função importante: de facilitar os mecanismos do cérebro.
Se você tem o hábito de acender as luzes antes de entrar em casa ou de lavar as mãos antes de comer, estes hábitos já estão na sua rotina, e necessariamente, no seu cérebro (para sempre). Imagine quantos hábitos possuímos e como a nossa rotina é repleta de comportamentos automáticos. Em muitos casos, temos hábitos muito antigos e resistentes, que só podem ser combatidos por novos hábitos, e também por novas rotinas. A chave de tudo está na rotina: assim que você adquire um novo hábito e o insere na rotina, ele se torna tão automático quanto aquele hábito antigo e muitas vezes nocivo.
Se você é sedentário e quer mudar seus hábitos de saúde, por exemplo, basta inserir na sua rotina algumas horas de exercícios semanais e um novo cardápio. No começo haverá estranhamento. Depois você sabe que duas vezes por semana tem que se exercitar e que todos os dias tem que consumir determinados tipos de alimentos. Depois nem pensa mais sobre o estranhamento e entra no automático.
O livro traz algumas histórias de pessoas que trocaram os hábitos limitantes e nocivos (assim como também ajustaram as suas crenças) e mudaram drasticamente a sua vida para melhor. Deixaram para traz anos de frustração e desânimo, superando até mesmo a prostração, a depressão e outros condicionantes. E não pense que mudar a sua vida do avesso requer muito tempo: muitos levam meses ou semanas para mudar aquilo que não conseguiram em anos.
É muito surpreendente o quanto um pequeno hábito pode interligar diferentes áreas da vida: relacionamentos, trabalho, saúde, amizades, lazer, metas, sonhos, etc. O exemplo do livro fala da história de Lisa, que de obesa, fumante, consumidora recorrente de álcool, em um relacionamento desgastado, comum currículo ruim e com uma dívida pessoal enorme, se tornou uma corredora de maratona, esbelta, saudável, feliz com sua vida profissional, com mestrado e casa própria, e dedicada a viajar mais e conhecer lugares que nunca tinha ido. O hábito que ocasionou uma mudança drástica foi ter parado de fumar – isso a levou a novas escolhas e a novos hábitos. Tudo em um curto período de tempo.
Os novos hábitos causam novas sinapses cerebrais e alteram todos os mecanismos do cérebro. Mudar os hábitos é algo muito saudável. Usando o modelo apresentado pelo autor – deixa, rotina e recompensa – há uma regra de ouro na mudança de hábito: utilize a mesma deixa, a mesma rotina e a mesma recompensa se quiser uma nova atitude seja um novo hábito.
O autor chama a atenção para os hábitos angulares, que são “hábitos mestres”, capazes de desencadear uma série de reações no modo da pessoa organizar sua própria vida. Já falamos do exercício físico mais acima: inserindo atividades físicas na vida sedentária, a pessoa passa a comer melhor, aumenta a sua autoestima em relação ao seu próprio corpo, ela passa a fazer escolhas mais assertivas quanto ao seu estilo de vida, ficam mais confiantes para se relacionar melhor com as outras pessoas, tem mais disposição e aumenta a produtividade, etc.
Identificando e mudando estes tipos de hábitos, a transformação é ainda mais rápida. Duhigg diz que não está completamente claro porque isso ocorre, mas que um hábito mestre propaga mudanças significativas em todos os aspectos da vida.
A pessoa está no centro da mudança que quer ver em sua vida. Se você quer uma vida diferente deve mudar seus hábitos e ter força de vontade para isso. Ninguém pode fazer isso por você a não ser você mesmo. Uma decisão positiva se torna um hábito automático, assim como uma decisão negativa. O autor diz que a força de vontade é um dos hábitos angulares mais poderosos, se não o mais poderoso.
A força de vontade é como se fosse um músculo – assim como você tem nos seus braços e pernas, que o impulsionam para a frente. A força de vontade deve ser exercitada assim como um músculo, para que a pessoa assuma a posição de criadora da sua própria realidade.
Trata-se de acontecimentos que surgem e fazem com que as pessoas deixem de executar os hábitos automáticos. A falta de disciplina, por exemplo, pode ser um exemplo de ponto de inflexão, pois por mais que uma pessoa quer mudar seus hábitos, a distração, a postergação, a procrastinação e outras atitudes colocam em xeque as suas intenções. Neste caso, a força de vontade deve ser mais presente que a inflexão na rotina, para assim criar hábitos mais positivos.
Por mais que a situação seja difícil, todo hábito pode ser mudado. Até mesmo quando os hábitos envolvem vícios – como é o caso de alcoólatras e outros dependentes químicos – ou quando é preciso levar uma vida diferente em decorrência de uma tragédia pessoal, sempre é possível alterar seus hábitos de modo positivo. E para mudar um hábito, basta que você decida mudá-lo. Consciência e autorresponsabilidade fazem toda a diferença!
Ter fé no processo, na possibilidade da mudança, é acreditar em si, em algo maior e até mesmo no próprio processo de mudança de hábito. A fé é um recurso que alavanca os hábitos e que traz transformações.
Veja também: Relações humanas e competências interpessoais – Como aprimorá-las?
O que achou da matéria? Já leu o livro O poder do Hábito? Deixe um comentário!
Imagens: Pinterest.